Sociedade de Estudo Psicanalítico Contemporâneo

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"A aceitação de processos psíquicos inconscientes, o reconhecimento da doutrina da resistência e do recalcamento e a consideração da sexualidade e do complexo de Édipo são os conteúdos principais da Psicanálise e os fundamentos de sua teoria, e quem não estiver em condições de subscrever todos eles não deve figurar entre os Psicanalistas".

Sigmund Freud



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

TEORIA PSICANALÍTICA


Enquanto que a maior parte das teorias cientificas do comportamento se originam da psicologia acadêmica, a teoria psicanalítica surgiu não do laboratório de universidade, mas da clinica médica. Sigmund Freud (1856-1939) formou-se em medicina no século XIX, em Viena. Começou a carreira em neurologia, mas, depois de experimentar com hipnose no tratamento de pacientes, gradualmente passou a se interessar por mecanismos psicológicos. Freud desenvolveu pouco a pouco a técnica conhecida como psicanálise e a teoria do comportamento ou da personalidade conhecida como teoria psicanalítica. O conteúdo ou os dados em que se fundamente a teoria são as expressões verbais de idéias e sentimentos e as autodescrições feitas pelos pacientes de psicanálise. Alem disso, a psicanálise baseia-se em material de psicanálise de pessoas normais, geralmente (mas não apenas). Devido às suas origens na medicina, é característico o uso da patologia, pressupondo que os indivíduos normais possuem, em grau menor, os problemas, conflitos e mecanismos vistos mais claramente em casos anormais. Outra conseqüência de suas origens no modelo médico é a preocupação com pensamentos e sentimentos, ao invés do comportamento.

Conceitos básicos

Instinto: é definido como uma representação psíquica de uma fonte somática, interna de excitação. Freud discute as propriedades do instinto no artigo intitulado “Instintos e suas vicissitudes” (1915,1955). É importante notar que Freud distingue entre os conceitos de “Instinkt” (instinto, no sentido de instinto animal, mais restrito, limitado, levando a uma possibilidade única de resposta que o satisfaça) e “ Triebe” (no sentido mais amplo, próprio do homem, permitindo maior flexibilidade de respostas).
Freud discute quatro propriedades dos instintos: a fonte ou origem, o objeto interno (intrínseco), o objeto externo e o ímpeto.  A fonte ou origem é definida como uma excitação somática. O objeto interno é a redução de excitação; e o ímpeto é a força da pulsão. A propriedade fundamental do instinto é a fonte ou origem. O modelo de Freud pressupõe que uma excitação surge em uma parte do corpo e a função do comportamento é reduzir a excitação, e esta redução da excitação é experimentada como uma gratificação. Enquanto que a fonte e o objeto interno não variam, o objeto externo pode tomar várias formas. Vejamos um exemplo: fome é considerada uma pulsão. Sua origem ou fonte é uma excitação somática no estômago e o objeto interno do instinto de fome é a redução da fome. O objeto externo é o ato de comer ou a comida. O objeto pode tomar várias formas (diversos tipos de comida), mas no caso da fome, há menos flexibilidade quanto ao objeto externo do que no caso do instinto sexual, que pode ser reduzido mediante vários comportamentos em relação a vários objetos.

Libido: Embora não seja possível chegar-se a um acordo a respeito de quais são os instintos do ser humano, não há dúvida que Freud deu grande importância ao instinto sexual, tanto que deu à excitação sexual ou energia sexual um nome especial, libido. Assim, o medo que uma criança tenha de perigos físicos (cair, machucar-se, etc.) é interpretado como o medo inconsciente de castração, ou seja, de que seu pênis seja decepado. Contudo, Freud usa o termo sexualidade num sentido muito amplo do que comumente se entende. A função biológica da sexualidade é a reprodução, mas mais frequentemente, tanto na espécie humana como em animais, a motivação para o ato sexual é outra, o prazer do próprio ato, e na a reprodução da espécie. Além disso, na espécie humana, a procriação envolve não só concepção, como um período de gravidez para a mulher, com aspectos psicológicos especiais, e envolve também um período de muitos anos em que a criança é criada pelos pais. Assim, vemos que muito mais do que o ato sexual é necessário para a procriação da espécie e Freud usa o termo sexualidade para englobar todos esses aspectos. Embora o instinto sexual seja o mais importante para a organização da personalidade, Freud reconheceu a existência de outros instintos ou pulsões, como a fome, a sede e o evitar a dor. Freud agrupou esses instintos sob o rótulo de instintos do ego que servem a autopreservação em contraste com o sexual, que à preservação da espécie.

Agressão: Freud tratou também da importância da agressão, vista por ele inicialmente como relacionada à sexualidade. A agressão é também vista como importante na autopreservação, através de competição e auto-afirmação. Posteriormente, impressionado pela agressão manifestada na humanidade, Freud chegou à formulação do instinto de morte. Como a agressão frequentemente leva à autodestruição, seria incompatível com a noção de autopreservação. Freud então contrastou o instinto de morte (Thanatos) com os instintos de vida (Eros) incluindo nesta segunda categoria o instinto sexual e os de autopreservação (instintos do ego).


Cathexis: É definida por Freud como se fosse uma carga elétrica que energiza uma idéia. A pulsão não tem expressão direta no comportamento, como é o caso de reflexos e instintos em animais, em que há uma ação especifica resultante do instinto. A conexão entre a pulsão e o comportamento que a reduz é aprendida depois que o sujeito nasce. O mecanismo interveniente entre a pulsão e o comportamento é a cathexis. A pulsão “catecta” uma idéia que é sentida então como um impulso para realizar o comportamento que reduz a pulsão. Por exemplo, a mãe é um objeto catectado para a criança, ou seja, é valorizado, porque pode reduzir várias pulsões.

O inconsciente: A ênfase de Freud nos processos inconscientes é considerada nos meios científicos como uma das mais importantes de suas contribuições. Numa época em que o estudo da “consciência” estava sendo atacado de diversas formas, como por exemplo pela critica ao método introspeccionista, Freud atacou a psicologia da “consciência” mostrando a importância do inconsciente na determinação de todos os comportamentos. O inconsciente para Freud não é simplesmente qualquer coisa de que não estamos conscientes, mas é aquilo que é ativamente reprimido e impedido de se tornar consciente ou pré-consciente. O consciente compreende tudo aquilo de que nos damos conta em dado momento, e o pré-consciente se refere a faros que se podem tornar conscientes se a atenção for dirigida a eles. Por exemplo, sentado numa sala de aula, devo ter visto a cor das paredes; mas, se perguntado, posso responder, pois é um fato pré-consciente, eles não são lembrados, não porque a atenção não esteja focalizada sobre eles, mas porque a repressão impede que sejam trazidos à tona.
Dinâmica da personalidade



O modelo freudiano é um modelo de conflito. Ou há conflito entre o inconsciente contra o consciente, ou entre o inconsciente e o consciente contra o pré-consciente, ou entre o inconsciente e as exigências ambientais. O conflito gera ansiedade e o organismo precisa reduzir essa tensão. Para tal, o consciente utiliza os chamados “mecanismos de defesas” que são inconscientes.
Repressão: O mecanismo de defesa básico é a repressão. Consiste em o inconsciente tirar-se da consciência idéias, lembranças, sentimentos que, se estivessem à tona, causariam muita ansiedade. A ansiedade é mais provável de ocorrer quando não houve uma descarga motora (por exemplo, choro) na época do trauma original cuja lembrança é agora reprimida.

Negação: É um mecanismo bem primitivo, que consiste em explicitamente negar que um fato ocorreu. Por exemplo, numa dramatização escolar, uma menina esqueceu um trecho de sua parte, omitindo-o. As outras crianças seguiram sua pista, e assim um trecho total da peça foi omitido. Mais tarde a menina negou que isto tivesse ocorrido, embora todas as colegas o afirmassem. Aparentemente, admitir seu erro causaria muita ansiedade e foi mais tolerável cair no ridículo das colegas e professora negando o fato do que admitir o erro. Note-se que a negação não é uma mentira consciente, mas no caso da negação o individuo está plenamente convencido da veracidade de sua versão do caso.

Formação reativa: Consiste na expressão de sentimentos diametralmente opostos ao que está sendo reprimido. Caracteriza-se pelo extremismo e exagero das demonstrações. Por exemplo, uma pessoa que no fundo odeia outra pode manifestar expressões de extrema delicadeza e protesto veementes de amizade, que pelo seu exagero soam falso.

Racionalização: Consiste em inventarem-se explicações para justificar as ações. É uma explicação que não é exata nem muito convincente, mas da qual o sujeito está convencido.

Fixação: Significa permanecer num estagio primitivo de desenvolvimento.

Regressão: Consiste em voltar a um estagio primitivo de desenvolvimento. Exemplo: uma criança de 8 anos voltar a urinar na cama, pedir mamadeira.

Deslocamento: Consiste em deslocar o sentimento ou a ação para outro objeto que não o original. Por exemplo: se o pai é o objeto original que causou frustração, o individuo pode reprimir isso e manifestar agressividade (porque causaria ansiedade) em relação a outros objetos: o tio, o professor, etc. deslocando assim a agressividade.

Sublimação: Canalizar um impulso instintivo para uma finalidade construtiva e socialmente aceita. O comumente dado é o de canalização de agressão para uma atividade como cirurgia.     
         
Estes aspectos é o que mais interessa ao campo do desenvolvimento da teoria psicanalítica. A teoria freudiana é uma teoria do tipo que enfatiza uma seqüência de estágios no desenvolvimento humano.
Segundo Freud, o desenvolvimento da personalidade é subsidiário ao desenvolvimento do instinto sexual, e é paralelo à passagem pelos estágios de desenvolvimento sexual.

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